quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

LUME ACESO














E segue o nosso barco... até o adeus!
Vai cheio de bagagens tão diversas,
levando os versos meus, levando os seus,
guardando de nós todas as conversas!

Bem lá, juntam-se as coisas mais dispersas,
até velhos poemas... como os meus...
e as rezas pelas almas dos ateus,
que insistem nas antíteses perversas!

O rio abre seus braços – majestoso –
e abraça de roldão o que ele encontra...
− Proteja, pois, seu barco e o deixe ileso!

O leme, entregue-o a Deus, que é Poderoso;
e saiba: Venceremos qualquer contra,
enquanto a nossa fé for lume aceso!

sábado, 18 de novembro de 2017

VOYAGER - A Nave Terrestre













Nave feita de sonhos em etéreas lidas
singrando o infinito num vagar intenso
vai  deslumbrando a ótica de um mundo denso
vai desbravando o incógnito de tantas vidas

Sonhos de apelo incerto, de duras medidas
pintando um ponto móvel no Universo imenso!
Os nossos sons gravados são mãos estendidas,
pacíficas criaturas bafejando incenso!

Nave de sonhos feita, porta-voz da Terra,
silente e elegante a tua missão encerra
o perscrutar do homem ante a Natureza!

Se alguém lá tu encontrares, diz que somos gente,
que estamos progredindo, mas inda há indigentes...
E que, apesar de tudo... A Terra é uma Beleza!

sábado, 11 de novembro de 2017

"OVELHA TOSQUIADA"













Jurei não me meter mais em política!
...Mas vejo o povo não politizado;
e o povo que é assim... é comandado;
não posso me omitir de fazer crítica!

É hora de fazermos autocrítica;
mister se faz cortar o que há de errado;
há muito senador e deputado,
em horda sanguessuga e paralítica!

− Reduzam-se os salários dos políticos −
pois, pelos resultados analíticos,
mais ganham, mais usurpam o poder!

Quem paga esse salário é quem trabalha,
é o povo que labuta por migalha;
...e é “ovelha tosquiada” até morrer!



sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O TEMPO NÃO VOLTA















De ti não guardo mágoa nem rancor;
se guardo alguma coisa é só lembrança,
aqui e ali lembrada em cada andança...
O tempo inda me presta esse favor!

As flores que plantaste inda têm cor,
as folhas têm o verde da esperança,  
os frutos saborosos, mais pujança
− assim como dizias − mais sabor!

O tempo corrigiu com maestria
os erros cometidos algum dia,
sem nunca perguntar-me o que eu achava!
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Erramos, por capricho ou desengano,
talvez precipitados, por engano...
...Ainda quando o barco navegava...!

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

DESABAFO NA VOLTA
















Brasil chorado em terras tão distantes!
...Vi olhos puxadinhos no oriente,
um povo organizado, muita gente!
Vi todos os sorrisos nos semblantes!

Eu vi os beijos quentes dos amantes,
bem longe, no país do sol-nascente;
vi gueixas em quimonos, fui presente
nas noites luminosas e vibrantes!

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Pasmei!... Todas as coisas bem cuidadas,
as ruas, os transportes, as calçadas!
Sofri... xinguei... lembrando o meu país,

que − rico e sem tremores e tsunamis −
padece, nas infâmias dos infames
políticos sem alma... torpes... vis!...

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

À LUZ DIFUSA














Não via passar o tempo ali contigo,
enquanto no teu mar eu me banhava.
Prostrado, qual em jugo, sem castigo,
rendia-me ao teu desejo e mais te amava!

Tu eras desse amor a bela escrava,
na alcova que era, à noite, o meu abrigo,
bem longe da tormenta e do perigo,
bem onde o amor rugia e em nós calava!

Meu barco, que era o tempo, então passou...
alado, fez-se ao mar e ali pousou,
nas ondas desse mar onde eu velejo!
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Assim, foi tudo um sonho à luz difusa;
a vela transformou-se em tua blusa
...E, ao fim... tu me acordaste com teu beijo!

terça-feira, 12 de setembro de 2017

CADEIRAS DE BALANÇO



















Sigamos no balanço dessa lida,
lembrando da cadeira a balançar.
A vida hoje balança, de assustar
até aos bem sentados nessa vida!

Sobrou-nos nos sentarmos na avenida,
olharmos as cadeiras a gingar
nos blocos, nas escolas a passar,
lembrando-nos da vida bem vivida...

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Havia, na varanda, uma cadeira...
rangia à mesma história corriqueira,
enquanto ali sentado eu viajava;

eu lia versos meus e seus ou de outro
e ouvia da cadeira: ‘...e aqueloutro?’
...E mais eu lia, mais me balançava!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

IMAGENS DA VIDA (soneto hendecassílabo)











Lá vai o andarilho, alheio, pensante...
igual moribundo nos chãos do país!
Parece enxergar-se no verso que diz
‘não volte o olhar, siga em frente, vá adiante’!

− Pois cada um de nós tem seu lado distante −
concentra-se em si, perde a cor, o matiz;
de nada lhe importa se há feira ou feirante;
importa-lhe ‘andar’... é assim que é feliz!

Se é mágoa ou transtorno o que o faz ‘andar’ tanto,
se cala consigo uma dor... algum pranto...
ninguém saberá o porquê, a razão...

Naquela mochila vai tudo o que tem:
Seus ganhos e perdas... seus sonhos também!
− Não vive pro mundo, só usa o seu chão...!

sábado, 15 de julho de 2017

FAÇA DO HOJE o seu sempre (versos eneassílabos)













Vivamos o hoje, feito pra nós!
O ontem se foi... e longe se esconde...
Somos espectros do não sei donde
− assim diziam nossos avós!

Se fui vassalo, girando mós,
ou, em Sabugosa, marquês, visconde,
honras, se as tive, mandei de bonde
lá pra bem longe... pros cafundós!

− Hoje, eu sou o vento − que beija os pomos,
que sopra à noite no alto dos domos,
e que assobia lá nas janelas!

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Que os sonhos sejam alvissareiros,
lá no aconchego dos travesseiros
...e o amor entoe as canções mais belas!


segunda-feira, 3 de julho de 2017

AS HORAS DO TEMPO













Na esteira do tempo se vão nossos dias,
levando de nós um pedaço da vida...
As coisas mais simples se perdem vazias
na vida apressada, voraz e corrida!

As portas se fecham, começa a partida
nas dobras do tempo, sem sons, melodias...
Estreita-se o túnel, sem mais outras vias
e a esteira do tempo começa a subida!

Eternos seremos − espíritos somos −
voaremos alhures, acima dos domos,
quem sabe, ao lugar de onde um dia viemos...

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Façamos a vida feliz, mundo a fora!
Felizes façamos a todos de agora!
− As horas do tempo nós nunca sabemos!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

NOTÍCIAS POPULARES: A BELA da JANELA


O busto da janela é de Bela, e ela...
diverte, mesmo inerte, a quem a veja!
Reluz, se a luz da noite relampeja,
luzindo na moldura da janela!

Desleixo, mão no queixo, casta e bela,
inerte a qualquer flerte que a deseja;
olhar de estontear... nem pestaneja,
ainda que ante a fúria da procela!

Seus lábios de carmim, quais rubras flores,
sugerem aos olhares mil sabores
− um acinte ao recatado homem travesso!

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E o povo segue os passos do artesão,
que sonha em dar a vida, com sua mão,
ao busto da negrinha... que é de gesso!